“Sabe-se
que numa cultura de mercado, necessidades são inventadas para estimular o
consumo. Não pode ser saudável uma sociedade em que as pessoas trabalham cada vez
mais com objetivo de comprar coisas das quais não precisam. Trata-se de uma
inversão de valores: enquanto os meios de comunicação prometem felicidade
àqueles que vivem no ritmo da moda e se espelham no estilo de vida dos ricos, a
realidade é bem diferente e mais cruel.”Pastor
Rubens Muzio.
A verdade é que muitos são incapazes de integrar-se na comunidade da fé porque seus interesses estão na cultura de mercado, que tem influenciado uma participação flutuante e precária das pessoas. Seus envolvimentos baseiam-se a partir de uma relação de cliente-empresa, e sequer conseguem entender o amor e a graça de Deus, a dependência do Espírito Santo, e o negar a si mesmo e o seguir Jesus.
Receio também por muitas igrejas, pois sua
compreensão de discipulado limita-se a proclamação da mensagem nos meios de
comunicação, a adição de nomes no rol de membros da igreja ou o consumo de um
produto espiritual. Como dizia o
sábio pastor John Sttot: “Somos uma nova sociedade com uma nova
mentalidade cristã” porque a finalidade do evangelho no discipulado é
transformar-nos gradativamente em membros de uma nova comunidade, de uma nova
raça, de um povo de propriedade exclusiva de Deus que vive a cultura
alternativa do reino.
Francis
Scheaffer, um homem de Deus e pensador, também acreditava que esse
era o testemunho mais convincente da igreja e dizia:
“A
não ser que as pessoas vejam em nossas igrejas não somente a pregação da
verdade, mas também a prática da verdade, a prática do amor e a prática da
beleza; a não ser que eles vejam a fé sendo praticada em nossas comunidades,
deixe-me dizer isso claramente: eles não nos ouvirão e eles não deveriam nos
ouvir mesmo.”
Diante disso, penso que igrejas com
programas, reuniões, cursos e encontros para todos os dias da semana
representam justamente o oposto do que significa uma igreja missional, por se
tratar de um tipo de consumidor que está mais interessado na benção e menos em
produzir para o reino de Deus. Eles só podem ser saudáveis quando as pessoas
representam um corpo, não uma série de atividades mecanizadas.
O corpo de Cristo só existe
como comunidade quando está espalhado nas várias esferas da sociedade cumprindo
a grande comissão, gerando amor e o comprometimento nos corações dos homens sem
Deus, através do seu testemunho vivo. Se como igreja, não estamos vivenciando
um evangelho de cruz, precisamos questionar nossa inutilidade e a razão pela
qual existimos como comunidade da fé.
A igreja não é um
supermercado onde escolhemos os produtos que desejamos e descartamos outros que
fogem a nossa necessidade e preferência. No evangelho, ou se acolhe tudo que
Cristo oferece com suas implicações de amor e princípios, ou se distancia de representá-lo
como autênticos discípulos, nisso ele é radical.
Temo que uma das razões de
muitas igrejas se parecerem atualmente na forma de condução, não seja
exatamente a referência no evangelho de Cristo, mas sim, porque oferecem um
produto que agrada sua clientela como empresa a semelhança o mercado
consumista.
A igreja de Cristo nunca
deve perder de vista seu propósito original, por conta de propostas
pseudo-modernas e revolucionárias. Somos um corpo em Cristo e, num cenário como
esse, não podemos ser absorvidos pela banalidade do consumo de programas e
entretenimentos. Eu e você, que somos igreja, e fomos chamados para viver um
modelo de dois mil anos que está no cerne do ministério iniciado por Jesus, que
por sua vez, aplicado pelos discípulos, será responsável pela consolidação e
pelo crescimento do corpo de Cristo.
Porque Dele, por Ele e para Ele são todas
as coisas. Amém!
Pr. Fernando Miranda